segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

GLOBO DE OURO 2014 – QUEM GANHOU O QUE


Na noite de ontem mais uma edição do segundo maior premio do cinema e TV americana premiou os favoritos e os bem influentes do ramo.


Continuando a temporada de premiações nos EUA, o Globo de Ouro ontem teve mais uma edição glamorosamente perfeita, regada a muito martini, vestidos, imprensa e penteados. Apresentada pelas comediantes Tina Fey e Amy Poehler (que ganhou uma GO de melhor atriz em série de humor ou musical), a cerimônia teve lá suas graças. Nada de surpresas, os favoritos ganharam e os bem relacionados também. Nas categorias de cinema confirmam-se 12 Anos de Escravidão, Trapaça, Cate Blanchett, Leonardo Dicaprio e O Lobo de Wall Street para prováveis as próximas premiações.


Vamos a lista dos vencedores:

Melhor filme (drama)
 12 Anos de Escravidão

Melhor filme (musical / comédia)
 Trapaça

Melhor ator (drama)
 Matthew McConaughey – Dallas Buyers Club

 Melhor atriz (drama)
Cate Blanchett – Blue Jasmine

Melhor ator (musical / comédia)
 Leonardo Dicaprio – O Lobo de Wall Street

Melhor atriz (musical / comédia)
Amy Adams – Trapaça

Melhor ator coadjuvante
 Jared Leto – Dallas Buyers Club

Melhor atriz coadjuvante
Jennifer Lawrence – Trapaça

Melhor diretor
Alfonso Cuaron – Gravidade

Melhor roteiro
 David O. Russell – Trapaça

Melhor filme em língua estrangeira
 A Grande Beleza (Itália)

Melhor longa animado
 Frozen – Uma Aventura Congelante

Melhor trilha sonora original
Até o Fim

Melhor canção original
  “Ordinary Love” -Mandela: Long Walk to Freedom



Melhor série (drama)
Breaking Bad

Melhor atriz em série dramática
 Robin Wright -House of Cards

Melhor ator em série dramática
 Bryan Cranston – Breaking Bad

Melhor série (comédia / musical)
 Brooklyn Nine-Nine

Melhor atriz em série musical ou de humor
 Amy Poehler – Parks and Recreation

Melhor ator em série musical ou de humor
 Andy Samberg – Brooklyn Nine-Nine

Melhor minissérie ou telefilme
Minha Vida com Liberace

Melhor atriz coadjuvante em série, minissérie ou telefilme
 Jacqueline Bisset – Dancing on the Edge

Melhor ator coadjuvante em série, minissérie ou telefilme
 Jon Voight – Ray Donovan

Melhor atriz em uma minissérie ou telefilme
 Elisabeth Moss -Top of the Lake

Melhor ator em uma minissérie ou telefilme
 Michael Douglas – Minha Vida com Liberace







quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

NINFOMANÍACA – A EQUAÇÃO DO AMOR



Estreia hoje nas salas de cinemas de Fortaleza a primeira parte do mais novo trabalho de Lars Von Trier. O Diretor Fantasma já deu uma olhada no filme e adianta um pouco dessa história dicotômica.


Com uma campanha publicitária extremamente eficaz, Ninfomaníaca Volume I se tornou uma das estréias mais esperada por muitos em 2014. As atenções para o filme começaram quando Trier confirmou Charlotte Gainsbourg para o elenco e logo depois comentou a participação de atores pornôs em seu novo filme. Depois disso foi divulgada a primeira imagem do filme em que Gainsbourg aparece deitada em um beco, o que seria o começo de toda a história. A partir daí foi anunciado a divisão do filme em duas partes e suas longas durações. 


No fim do ano passado uma sequência de trailers com recortes de cada capítulo da história do filme completou toda atmosfera a se esperar da projeção. Tudo isso, é claro, tomou conta dos portais de cinema e das redes sociais. A todo o momento saiam vídeos e cartazes altamente sugestivos ao sexo e à luxuria.




Foi afirmado também que o filme teria a duração de um pouco mais de 5 horas para as cópias exibidas em festivais. Já para o circuito comercial, as genéricas cópias de 2 horas seriam exibidas com cortes das cenas explícitas de sexo. A princípio, o que se pode ver nessas duas horas é uma sinfonia de grandes imagens e atuações.



Juntando esses pilares com uma história biográfica de uma ninfomaníaca, contada da maneira Trier, é de se esperar um tapa na cara sem pedido de desculpas, que você vai adorar levar. Joe (Charlotte Gainsbourg) é encontrada por um judeu chamado Seligman (Stellan Skarsgaard), que é apaixonado por Johann Sebastian Bach e Edgar Alan Poe, em um beco após ser brutalmente espancada.  Ele a leva  para o seu apartamento e Joe resolve contar toda a sua vida sexual, desde que nasceu até o então momento. Seligman acomoda Joe em um quarto que parece servir de depósito de quadros e outros equipamentos. Deitada em uma cama e com várias xícaras de chá os dois passam um bom tempo conversando sobre a vida de Joe. 




O velho Seligman é um homem solitário que conhece muito de história e artes, ele é daquele tipo de gente que cria teorias para os comportamentos das outras pessoas - de tanto ficar pensando sozinho -, como alegar que destros que começam a cortar as unhas pela mão esquerda são mais felizes do que os que começam pela mão direita. Apesar de ser o ouvite de Joe o filme inteiro o personagem não é esquecido na história, sua presença está em absorver todas as promiscuidades (em seu ponto de vista conservador) e absurdos vindos da ninfomaníaca. Se não fosse por suas objeções e questionamentos sobre o que Joe fazia, o espectador tomaria todas as experiências e convicções da personagem sem muitas objeções. Seligman tem uma função detalhista de descobrir em Joe suas motivações e esclarecer ao publico como pensa a protagonista, além de também colocar em ótimos questionamentos a finalidade do amor. Com tudo isso há também impresso no velho personagem uma alavanca (representação do olhar genérico do mundo) que puxa as histórias perfeitamente normais no ponto de vista da Joe, para um lugar em que existe convenções sociais e ideológicas de uma sociedade universal que as tornam inescrupulosas. Não que o personagem repudie os pensamentos e ações de Joe, pelo contrário, ele se mostra altamente atencioso e interessado ao modo de pensar da mulher.




Já Joe, nesta primeira parte é apresentada em sua época mais jovem, mostrando o início de tudo. Com o rosto coberto de hematomas, ela conta todas as suas histórias e experiências deitada numa cama sem se importar com o que Seligman pense. É de se perceber que para a personagem tanto faz contar ou não, mas com o passar da história ela vai se empolgando e achando divertido passar o tempo contando sua vida. A naturalidade para os detalhes é tamanha que podemos equiparar com uma pessoa que relata sua vida pessoal em que estão inseridos todos os causos banais de uma pessoa comum, família, trabalho, casamento, filhos, divórcio etc. É como se a vida de Joe fosse tão banal quanto a de qualquer outro indivíduo. A atuação de Gainsbourg fazendo Joe mais velha, com 50 anos, é essencial. O tédio e convicção estão estampados em seu rosto. Já atriz Stacy Martin também segura a personagem, quando mais nova, de um modo angelical. 


Apesar de ser a “viciada em sexo na história”, Joe possui uma razão por querer continuar sendo assim. Desde pequena até sua juventude ela foi criada em um ambiente que lhe exigia pudor e obediências. É filha de um médico apaixonado por botânica e sempre aderiu a métodos bem pragmáticos para entender a vida e as interações sociais (talvez por isso sua vontade de descobrir o “proibido” seja ainda mais aguçada). Toda a sua teorização é tamanha ao ponto de questionar a finalidade do amor e todas as influências sociais que favorecem o terreno dos relacionamentos e o romance. Para Joe, o amor é apenas ciúmes e luxúria. Isso que complica tudo, pois a real finalidade das relações “amorosas” é o sexo, e para ela esse início poderia ser pulado. A personagem para de ser tão pragmática quando se permite entender a ordem do caos, quando vira secretária em uma gráfica e convive com a bagunça (caos) da mesa de seu chefe (ordem), do qual começa a se sentir atraída de maneira diferente.


O filme é dividido em oito capítulos, como em um livro, as narrações também possuem um tom literário. Por todo o filme o estilo documental de câmera  é extremamente majestoso (incluindo a pegada histórica de Trier de colocar religião, ideologia, ciências e astronomia envolvendo a base dos pensamentos dos personagens), é incrível a qualidade de captação dos pequenos gestos e ações dos personagens que tomam formas e proporções diferentes de acordo com o enquadramento e corridas de câmera. É um vislumbro a quantidade de belas cenas e a textura apassivadora, quase angelical, de toda pornografia soft que rodeia a história.  



Para quem espera muito sexo explícito, como prometem os anúncios do filme, vai ficar um pouco desapontado, pois nessas duas horas de Ninfomaníaca Volume I o que sobrepõe é a maneira que Joe enxerga as coisas, o que ela pensa e como ela reage ao que vai acontecendo em sua vida. Esse recorte inicial de sua vida quando mais jovem é um grande espetáculo peculiar de como se constrói uma ninfomaníaca. Terminada a sessão, provavelmente muita gente sairá pedindo mais por conta da fluidez que a história tem. A dinâmica visual é tão competente que transforma toda a história em um pequeno conto ingênuo, em que a protagonista é uma jovem perdida que sabe o que quer e não se preocupa em encontrar o seu lugar ideal. O que perfeitamente pode sustentar uma sessão de 5 horas e alguns minutos nos festivais. A primeira parada que a versão de cinco horas fará será em no Festival de Berlim, que acontecerá em fevereiro.




Uma das questões a ser levantada no final do filme é se sabemos o que é o amor em sua forma original, se é que existe. Uma descoberta no sentido trivial da coisa, pois desde novos nos deparamos com influências e determinismos de que há um sentimento que todas as pessoas procuram para serem felizes, e essa “campanha” externa sobre nós acaba se tornando algo genérico e banal em nossa vida, se transformando em mais um paradigma de etiqueta como ter um emprego e construir uma família. Essa construção ainda romântica do amor que se prolonga nos tempos se choca com a praticidade equacional de Joe, o que nos faz refletir se realmente sentimos amor “de verdade” ou se vamos senti-lo em nossa vida, já que as construções e analogias que adquirimos são exemplos externos a nós, e como saber identificá-lo quando ele aparecer? Eis a equação e a dicotomia: O amor é o ingrediente secreto?



NINFOMANÍACA VOLUME I
Nymphomaniac Volume I. 2013. Cor. 122min. Dinamarca, Alemanha, França, Bélgica, Inglaterra. Drama/Erótico. Direção: Lars Von Trier. Roteiro: Lars Von Trier. Elenco: Charlotte Gainsbourg, Stellan Skarsgard, Stacy Martin, Um Thurman, Shia LaBeouf, Christian Slater, Connie Nielsen.

DIAS E HORÁRIOS – CINEMA DRAGÃO DO MAR 

 SALA 02

10/01: 16h – 18h20 – 20h30
11/01: 16h – 18h20 – 20h30
12/01: 15h20 – 17h40 – 20h
14/01: 15h20 – 17h40 – 20h
15/01: 16h – 18h20 – 20h30
16/01: 16h – 18h20 – 20h30