segunda-feira, 18 de novembro de 2013

TATUAGEM DE HILTON LACERDA ESTREIA EM FORTALEZA



Depois de rodar e causar nos principais festivais nacionais o primeiro longa de Hilton Lacerda, Tatuagem, chegou a fortaleza nessa quarta (13) em uma pré-estreia no cinema do Dragão, com a presença do diretor e parte da equipe do filme.

 O mês de novembro no Cinema do Dragão do Mar começa sem se importar com o ritmo desacelerado de fim de ano. Dividindo as duas salas com a programação do Panorama Alemão, o longa Tatuagem recebe as boas vindas dos espectadores de Fortaleza em uma pré-estreia lotada, esbanjando poesia e liberdade. 
Tatuagem de Hilton Lacerda é mais uma produção do recanto cinematográfico pernambucano que ganha o país. O filme se passa em 1978, período da ditadura militar no Brasil e período – ao olhar do diretor – em que não havia esperança da saída de tanta censura. No meio desse cenário está Clécio (Irandhir Santos), o líder do grupo teatral anarquista Chão de Estrelas, e o jovem soldado Fininha (Jesuíta Barbosa) vivendo uma história de amor tênue entre repressão e liberdade. O filme foi ganhador de 3 Kikitos no Festival de Gamado, sendo um de melhor filme. Depois foi a vez do Festival do Rio premiar o filme em cinco categorias, sedo uma de melhor ator para Jesuíta Barbosa.  

DIRETOR E ELENCO

Esse é o primeiro longa dirigido por Hilton Lacerda, mas antes disso o diretor já era muito bem inserido no cenário cinematográfico nacional assinando o roteiro de Amarelo Manga e Febre do Rato de Claudio Assis, Árido Movie e o documentário Cartola – Música Para os Olhos de Lírio Ferreira, Filmefobia de Kiko Goifman e A Festa da Menina Morta de Matheus Nastchergale.
 
A esquerda o grupo Chão de Estrelas e a direita o Vivencial Diversiones. Foto: Gilberto MarcelinoDivulgação.
Sobre a iniciativa de direção, Hilton conta que gostaria de fazer um filme que fosse totalmente seu, não que os outros não fossem, pois em Febre do Rato, de Claudio Assis, Lacerda contribuiu também com algumas poesias pessoais por ter a história e o espírito do filme muito bem agregado a si. Agora Hilton conta que gostaria de transpassar uma idéia de liberdade que lhe remexia por dentro e transformar isso em cinema. Então o diretor com esse argumento de algo que fosse simplesmente livre e despendido até dos olhares tortos uniu com a história de um grupo teatral/cabaré de Olinda da década de 1970 chamado Vivencial Diversiones, que no formato Dzi Croquetes se apresentava com menos glamour e muita ousadia, uma narrativa que ainda que se passasse no período da ditadura militar dialogasse com as situações do nosso presente. 

Aumentando ainda mais a pessoalidade a obra, Hilton relata que na época da ditadura em que tinha 13 anos já ouvia falar do grupo Vivencial Diversiones e que essa era uma época em que se sentia dono de mundo. Essa particularidade está presente no personagem filho de Clécio, de mesma idade, que convive com o grupo Chão de Estrelas e se mostra bem impositivo em todas as suas aparições.
Atores Jesuíta e Diego Salvador
  


























 O diretor então montou o roteiro e em seis meses fechou a pré produção do filme. Segundo Hilton a procura por atores foi o processo mais demorado, pela história exigir atores que não tivessem problema com pudor, mas para o papel de Clécio o diretor já imaginava o ator pernambucano Irandhir Santos, que interpretou mais de um personagem no filme por ser o líder do Chão de Estrelas e encenar vários papeis nas apresentações do grupo. Já a participação de Jesuíta Barbosa foi agregada pelo diretor pela desenvoltura do ator com a câmera e a sua desenvoltura com o personagem - “A câmera gosta dele, é impressionante” – comenta Hilton. 

O FILME
Tatuagem coloca em primeiro plano o desprendimento de todas as regras superficiais que regem tanta coisa e atrapalham o curso natural da vida. O filme não tem nenhum receio de mostrar o que aquelas pessoas querem fazer, seja sexo, amor, família, amigos, chacota ou bacanal, o lema é ser livre até ser preso apenas por si mesmo. Totalmente compromissado com as diferenças de liberdade de 1978 que dialoga perfeitamente com o tempo atual, o longa mostra toda a conduta renegada e marginalizada pelas classes em tom de uma grande piada a bordo de uma comunhão de afetos contrastando toda bagunça com a poesia sutil, quase ingênua, dos personagens.  
Assim como Hilton Lacerda o filme é muito descontraído e verdadeiramente leve, sem contar com o riquíssimo elenco que tornou a história um grande cabaré de esquina regado a cerveja e cachaça. A fotografia e as cores do filme tornam tudo ainda mais teatral, há momentos em que o filtro todo ruído ambienta ainda mais a época em que acontece a história. O figurino e a produção dos espetáculos do grupo Chão de Estrelas utilizando materiais vagabundos de papelão e transformando tudo em cores e trajes impecáveis é de se contemplar. Outro grande pilar do filme que no embala hipnotiza é a trilha sonora embargada de sentimentos e poesia, confira o clip de “Volta", letra e música de Johnny Hooker, encenando o musico e o ator do filme Irandhir Santos como prévia:



Fica a dica do Diretor Fantasma para um programa libertino sem ter vergonha de ser feliz:


TATUAGEM 

CINEMA DO DRAGÃO DO MAR
SESSÃO: Sala 1 - 16h, 18h10 e 20h20 (com exceção do dia 20/11, quando não haverá o terceiro horário).
MEIA: R$ 6,00
INTEIRA: R$ 12,00




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