Quase uma semana depois que o festival
aconteceu, o Diretor Fantasma continua com lembranças muito recentes. É tempo
então de relembrar do momentos mais interessantes do festival que terminou no
ultimo domingo no cinema do dragão do mar
Depois
de uma semana de descanso o Diretor Fantasma enfim resolveu contar com mais
detalhes o desfecho da 23ª edição do Cine Ceará. Primeiro vamos começar com os
ganhadores das mostras competitivas de longa e curta-metragem. O filme Jessy, do fofíssimo Rodrigo Luna foi o
ganhador de melhor curta e o filme basco Emak
Bakia, do diretor Osaka Alegria foi o grande vencedor da noite na
competitiva dos longas. O diretor brasileiro Luis Dantas ganhou o troféu de
melhor direção pelo longa Se Deus Vier
Que Venha Armado. Vamos a lista completa:
Mostra
Competitiva Ibero-Americana de Longa-Metragem
Troféu Mucuripe para todas as
categorias
Melhor
Longa: “Emak Bakia”, de “Oskar Alegria”
Melhor
Direção: Luis Dantas por “Se Deus Vier que Venha Armado”
Melhor
Fotografia: Hélcio “Alemão” Negamine por “Se Deus Vier que Venha Armado”
Melhor
Edição: Luciano Origlio por “Mercedes Sosa”
Melhor
Roteiro: Diego Fernández Pujol por “Rincón de Darwin”
Melhor
Som: Abel Hernández por “Emak Bakia”
Melhor
Trilha Sonora Original: Ney MatoGrosso por “Olho Nu”
Melhor
Direção De Arte: Gonzalo Delgado por “Rincon de DArwin”
Melhor
Ator: Ariclenes Barroso por “Se Deus Vier que Venha Armado”
Melhor
Atriz: Laura de La Uz por “O Filme de Ana”
Prêmio Especial do Júri:
“O Paciente Interno” – Pelo esforço investigativo. Pelo poder da história que
resgata um conturbado período histórico da América Latina.
Mostra Competitiva Brasileira de
Curta-Metragem
Troféu Mucuripe para todas as categorias
Melhor
Curta: “Jessy”, de Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge
Melhor
Direção: “Sanã”, de Marcos Pimentel
Melhor
Roteiro: “O que lembro, tenho”, de Raphael Barbosa
Melhor
Produção Cearense: “O melhor amigo”, de Allan Deberton
Prêmio da crítica
(Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema)
Longa-metragem:
“Emak Bakia”, de Oskar Alegria
Curta-metragem:
“Sanã”, de Marcos Pimentel
1º prêmio: “Meu
Amigo Mineiro”, de Victor Furtado e Gabriel Martins (ganhador do Troféu
Mucuripe, do prêmio Banco do Nordeste no valor de 5 mil reais e também do
prêmio Vila das Artes – NPD – Núcleo de Produção Digital)
Pela
forma inventiva como o filme articula a relação com a cidade a partir de um
cinema de ficção trazendo um olhar afetivo pela cidade diferente do cartão
postal.
2º prêmio: “A
Rabeca”, de Irene Bandeira (prêmio Vila das Artes – NPD – Núcleo de Produção
Digital)
Pela
forma como o filme estrutura e articula os elementos da linguagem
cinematográfica a partir de uma narrativa metalinguística.
Prêmio Olhar Universitário
Melhor
Longa: “Emak Bakia”, de Oskar Alegria
Melhor
Curta: “Mauro em Caiena”, de Leonardo Mouramateus
Os cearense premiados no festival, Leonardo Mouramateus com o Curta Mauro em Caiena e Allan Deberton com O Melhor Amigo. |
Troféu Oscarito:
Coletivo Alumbramento
Prêmio Aquisição Canal Brasil
Melhor
curta-metragem da Mostra Competitiva (no valor de 15 mil reais): “Sanã”
(MG/MA), de Marcos Pimentel
Prêmio Banco do Nordeste
Melhor
Produção com Temática Nordestina (curta ou longa escolhido pelo júri da crítica
– no valor de 10 mil reais): “Mauro em Caiena”, de Leonardo Mouramateus
OS
HOMENAGEADOS
O
festival dedicou suas mostras não competitivas ao cinema contemporâneo português
e assim, aproveitando a onda lusitana, laureou a atriz portuguesa Maria de
Medeiros na noite de abertura. Além da atriz o ator brasileiro Marcos Palmeira
também recebeu o troféu Eusélio de Oliveira na noite de encerramento do
festival, ambos pela colaboração de suas carreiras cinematográficas.
Caroline e Pedro recebendo o troféu Oscarido pelo destaque do Coletivo Alumbramento. |
Na noite
de encerramento o Coletivo Alumbramento recebeu o troféu Oscarito pela sua
contribuição ao cinema local, com produções de destaque nacional, transformando
o perfil ascendente do cinema cearense.
OFICINAS
A oficina
que deu o que falar foi “O Cinema de Quentin Tarantino” ministrada pelo
jornalista Marcelo Lyra, realizada na Vila das Artes. A oficina durou cinco
dias e fez um panorama das obras do diretor e os dotes estilísticos dados em
cada filme. Também aconteceu na Vila das Artes a oficina de Direção de
Fotografia, Câmera e iluminação Cinematográfica, ministrada por Pedro
Lazzarini. Por fim, na Casa amarela acontecia a oficina de Criação, Formação e Potencialização
de Projetos Para TV, ministrada pelo jornalista Hermes Leal.
FILMES
DESTAQUE (ALÉM DOS GANHADORES)
Pode-se
dizer que a mostra competitiva desse foi bem musical, pelo menos o que diz
respeito às longas-metragens. Três longas da mostra competitiva eram de cunho
musical. O primeiro foi a cinebiografia a cantora argentina Mercedes Sosa a Voz da América latina, do
diretor Rodrigo Vila, contando através de depoimentos de pessoas que tiveram contato
com a cantora, reunidos pelo filho de Mercedes. O longa Olho Nu, do diretor Joel Pizzini, que juntamente com Canal Brasil produziu e compôs um filme sobre
a história artística do cantor Ney Mato Grosso, reunindo arquivos e depoimentos
do cantor sobre sua composição teatral nos palcos e suas interações com sua família,
amigos e a natureza, e como elas influíam em seu trabalho. Por fim, o filme
Solidões, dirigido pelo cantor Oswaldo Montenegro, que dividiu a crítica e o
publico presente. Um recorte atemporal sobre as tantas solidões do ser, contado
por várias histórias e pontos de vista diferentes.
Um filme
muito simpático na competitiva dos longas foi a produção uruguaia Rincón de Darwin, do diretor Diego Fernández
, que retrata uma viagem a uma casa no interior da qual o Charles Darwin visitou
séculos atrás. Na viagem o jovem e conectado com as tecnologias, Gastón, junto
com o escrivão Américo, pegam carona na caminhonete do frentista Beto, nessa
viagem as tantas formas de evolução que se pode adquirir em qualquer idade e situação
são postas de maneira leve e sutil entre os três. Américo vive o tédio de estar
envelhecendo, Gastón tenta seguir em frente após o término de um relacionamento
e Beto agrega as situações da vigem a suas vivencias de maneira amadurecida e
vagabunda. O filme agradou muita gente pela simpatia.
Já nos
curtas as animações chamaram atenção. O muito bem produzido curta ED, de Gabriel Garcia, mostrou em
altíssima definição a vida solitária de um coelho ator de cinema que viveu
tantas irrealidades que no fim de tudo estava vazio por dentro. O curta leva
uma pegada mais pesada e sarcástica e casou muito bem a qualidade dos gráficos
em 3D da animação com a narrativa. O outro curta foi o pulsante Pintas, de Marcos Vinicius Vasconcelos (Realejo), contando o torpor sexual e
amoroso de uma linda jovem de pintas cristalinas e coloridas em formato de
aquarela que banha três rapazes de puro amor colorido. O curta usa uma animação
quase em 2D e dispensa grandes gráficos para levar o espectador às situações de
torpor da história. Em desenhos limpos e pintados em gostas borradas de
aquarela o filme é levemente provocativo e super empolgante.
POBRES
DIABOS
Fechando
a 23ª edição do festival em clima de estreia, foi exibido o mais novo longa de
Rosenberg Cariry que abriu a mostra competitiva do Festival de Brasília essa
semana. Recebendo os atores Chico Diaz e Silvia Buarque a sessão ficou lotada
nas três salas em que o filme foi exibido. O longa conta a história de um circo
com condições precárias para realizar seu espetáculos na cidade de Aracati, mas
a presença artística entre seus integrantes é um fator bastante lúdico no
filme. Com uma fotografia escrachadamente elogiada de Petrus Cariry, o filme é
de se contemplar tanto pela leveza e poesia do cordel inseridas quanto pelo
visual.
Com o fim
da 23ª edição do festival e sobre os testes do espaço do Dragão do Mar, pode-se
dizer que o novo lar do Cine Ceará ganhou credibilidade da maioria dos que frequentaram
as exibições. Algumas falhas de projeção foram percebidas durante os dias (possivelmente
por conta da preparação apressada das maquinas para o festival), mas o
espetáculo e organização falaram mais alto e o saldo desse ano foi positivo. Muitas
histórias a se lembrar e muitas pessoas a manter contato, festivais sempre aumentam
os horizontes.