No
terceiro dia da Mostra de Iguatu aconteceu muita brincadeira e gargalhada no Teatro
Pedro Lima Verde, gente aproveitando as oficinas e muita gente se emocionando
nas exibições no SESC.
Na manhã dessa quinta-feira, o
Teatro Pedro Lima Verde recebeu para a exibição do longa de animação Garoto Cósmico, de Alê Abreu, os estudantes
das escolas do município. Entusiasmados com as cores e musicalidade do filme, a
garotada achou muito curioso o modo de vida dos habitantes do Planeta das
Crianças. O filme mostra de maneira divertida a vida mecânica de Cósmico, Luana
e Maninho que sonham e em ingressar para o Planeta das Crianças Adultas, mas
para conseguir chegar até lá eles precisão cumprir uma série de normas e regras
impostas pelo sistema do seu Planeta. Cada um possui um relógio que diz o que eles
devem fazer, como fazer e quanto tempo precisam para fazer. Esse relógio faz
parte do sistema de controle populacional, pois tomar decisões da própria vida
e fazer escolhas não era considerado um modo de vida e de organização modernos, com
o relógio os habitantes do Planeta das Crianças, do Adultos, dos Idosos, dos
Bebês e arredores, não precisavam se preocupar em autonomia, o sistema cuidava
disso por eles. Remetendo as condições sociais do nosso meio social, o filme vai
se desenrolando quando o trio de amigos acabam saindo de seu Planeta e indo
parar em outro com formato de laranja. Nesse momento eles descobrem como é bom brincar
de imaginar. No filme há as participações musicais de Vanessa da Mata e Arnaldo
Antunes deixando ainda mais divertida a sessão.
Depois de muitas gargalhadas e
traquinagem pela manhã, a tarde foi a vez da diretora Sara Mabel iniciar a primeira
parte da oficina Filme Nosso: realização fílmica de um conto adaptado, no
auditório do SESC. Muita gente interessada e conhecedora do universo do
audiovisual compareceu, deixando a oficina muito mais enriquecida.
Pela noite o auditório do SESC
recebeu uma torrente de espectadores para a exibição do curta Meu Amigo Mineiro, de Gabriel Martins e
Victor Furtado, produzido pelo coletivo alumbramento Filmes, e o denso longa Histórias
Só Existem Quando Lembradas, de Julia
Murat. Era tanta gente assistindo aos filmes que faltou lugar nas poltronas
fixas do auditório, quem estava chegando acabou sentando em cadeiras comuns nos
corredores laterais do auditório. Foi de se chamar atenção o grande público da
terceira idade que com certeza foram atinados para irem conferir o longa. Uma história
de grande densidade e percepção, o filme foi um desafio para a platéia que não
é acostumada com o gênero, que mesmo assim se manteve em um número significativo.
Muitas cenas paradas, muito tempo, muito silêncio e uma temática comum: a
relação desgastada, mas fundamentalmente dependente de um casal de idosos em um
lugar corroído pelo tempo. Um filme para incitar os sentimentos mais subordinados
e a condição de uma história de amor desgastada entre duas pessoas fatigadas
com o tempo. A história se passa na cidade fantasma de Jotuomba, onde há muito
tempo não morre gente, os habitantes são compostos por idosos e o cemitério
está abandonado, trancado a cadeado. As histórias de dona Madalena começam a ser
lembradas quando a fotógrafa Rita chega a cidade e começa a descobrir o que aconteceu
com as pessoas daquele lugar e como o tempo influiu em suas recordações. Depois
da sessão, quando as pessoas iam saindo do auditório, era de se perceber a
comoção no rosto de cada uma, se não os olhos vermelhos e as lágrimas ressecadas.
Uma experiência exponencial para os espectadores e uma honra de prestigiar um filme
de tanta placidez.
E foi assim, com muita emoção,
que o terceiro dia da IV Mostra de cinema de Iguatu se foi. Que venha o quarto!
Para saber sobre a programação da
mostra, clique aqui.
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