segunda-feira, 9 de abril de 2012

O CENTENÁRIO DE MAZZAROPI



Hoje completam 100 anos que o Brasil ganhou o mais competente e duradouro humorista cinematográfico. Amácio Mazzaropi era filho de pai italiano e mãe portuguesa, nasceu em Pindamoiangaba São Paulo, mas passava mais tempo em Tremembé, onde estava a casa do avô, quando se mudou para Taubaté. Na escola era o centro das atenções por decorar e declamar perfeitamente os poemas ditas em sala além de ser um ótimo tocador de viola e dançarino de cana-verde. A partir daí Mazzarropi se interessou pelos ares circenses, o que deixou a sua família receosa ao ponto de mandá-lo a Curitiba para trabalhar com o tio em uma loja de tecidos. Isso tudo aconteceu muito cedo, com catorze anos voltou para São Paulo decidido conhecer a arte do circo, finalmente entrando para a caravana do Circo La Paz. Depois da morte do pai entrou para o teatro e foi ator e diretor da peça Filho de sapateiro, sapateiro deve ser, após ser bem recebido pelo publico foi convidado a apresentar um programa na Radio Tupi, Rancho Alegre, que contava com um pequeno auditório e era dedicado a vida campestre. Foi lá que conheceu os atores João Restiffe e Geny Prado, e com o ultimo foi parceiro nas telonas. O programa era como um Viola Minha Viola, programa caipira hoje apresentado pela exímia violinista Inezita Barroso, que aliás conheceu Amácio na produtora cinematográfica Vera Cruz. 



Começou no cinema a convite de Abílio Pereira que era produtor, roteirista e diretor no cinema e teatro. Seu primeiro filme foi Sai da Frente (1952), rodado pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz. A partir daí Mazzaropi mergulhou no universo cinematográfico, no começo da decadência da Vera Cruz ele abriu uma produtora e começou seus projetos, agora escrevendo, dirigindo, produzindo e atuando. Com mais autonomia e popularidade, mazzaropi ganhou um programa na TV Excelsior de São Paulo a convite do Boni e ficou três anos no ar. Foi nessa época que começou a produzi os filmes que lhe marcariam no cinema, as histórias de Jeca Tatu, o personagem caipira de Monteiro Lobato que ficou imortalizado no cinema brasileiro. Seu primeiro filme em cores, Tristeza do Jeca, foi feito em sua fazenda e depois exibido na Excelsior. Daí então se dedicou nas produções construindo estúdios e mais tarde comprando a falida Vera Cruz.



Amácio é considerado por alguns o melhor humorista que o cinema brasileiro já teve por conta de sua originalidade, talento e sucesso em suas produções. Diferente de Ankito, Oscarito, Zé Trindade, Grande Otelo, Renato Aragão que não se mostraram tão vorazes no cinema,  alguns por falta de compromisso em alguns papeis, outros por fazer imitações de atores americanos e outros por terem mais sucesso na TV. 



Fazendo um caipira preguiçoso, machista à la italiana e ingênuo, que não se deixava ser ludibriado pelos ricos e poderosos, sempre retratava um fator social da época sem ser muito efusivo, e no final do filme a moral da história; hora cômica hora comovente. Com um andar desengonçado, fala desnorteada e com o R caipira era cabeça dura e namorador. Fez muito sucesso no eixo Sul e Sudeste do Brasil por retratar a vida caipira de maneira fiel. No Nordeste não teve tanta repercussão quanto no Sul, mas mesmo assim teve uma pequena fama.


Filmografia:
Sai da frente (1952)
Nadando em dinheiro (1952)
Candinho (1954)
A carrocinha (1955)
Fuzileiro do Amor (1956)
O Gato de Madame (1956)
Chico Fumaça (1956)
O Noivo da Girafa (1957)
Chofer de Praça (1958)
Jeca Tatu (1959)
As Aventuras de Pedro Malazartes (1959)
Zé do Periquito (1960)
Tristeza do Jeca (1961)
O Vendedor de Linguiça (1961)
Casinha Pequenina (1962)
O Lamparina (1963)
Meu Japão Brasileiro (1964)
O Puritano da Rua Augusta (1965)
O Corintiano (1966)
O Jeca e a Freira (1967)
No Paraíso das Solteironas (1969)
Uma pistola para Djeca (1969)
Betão Ronca Ferro (1971)
O Grande Xerife (1972)
Um Caipira em Bariloche (1973)
Portugal... Minha Saudade (1974)
O Jeca Macumbeiro (1975)
Jeca contra o Capeta (1976)
Jecão, um Fofoqueiro no Céu (1977)
O Jeca e seu filho preto (1978)
A Banda das Velhas Virgens (1979)
O Jeca e a égua milagrosa (1980)
Maria Tomba Homem (não concluído)




Dos 33 filmes que Mazzaropi colaborou, o Diretor Fantasma separou três que mostram o ator em épocas diferentes. Um como Jeca Tatu, outro como um homem de classe média do Rio de janeiro e outro como um simples chofer de praça. Boa sessão!


Jeca e Seu Filho Preto


1978. 104 min. Comédia. Dirigido por Berilo Faccio e Pio Zamuer. Escrtito por Amácio Mazzaropi e Rajá de Aragão. Produzido por Mazzaropi. Elenco: Amácio Mazzaropi (Zé do Traque),Jair Talarico, André Luiz de Toledo, Denise Assunção, Leonor Navarro, Joanes Dandaró, Elizabeth,  Hartmann, David Neto, Carmen Monegal, Yara Lins, Geny Prado, Rose Garcia.

Zé do Traque, colono pobre em uma fazenda de propriedade do coronel Cheiroso, tem dois filhos - o preto Antenor e o branco Laurindo - que são motivos de admiração e curiosidade por causa da diferença de cor. Os dois rapazes trabalham na sede da fazenda e Zé do Traque, na roça. O coronel Cheiroso tem uma filha professora, Laura, que inicia um Namoro com Antenor. O romance desencadeia a ira do coronel, que passa a perseguir Zé do Traque e sua família. Um compadre do proprietário, coronel Rebouças, protege os jovens e está disposto a promover o casamento. No entanto, só um julgamento no tribunal da cidade conseguirá resolver o mistério.


Chofer de Praça

  
1958. 97 min. Comédia. Dirigido por Milton Amaral. Escrito por Carlos Alberto Souza Barros, com diálogos de Amácio Mazzaropi e José Soares. Produzido por Felix Aidar e Amácio Mazzaropi. Elenco:Amácio Mazzaropi, Geny Prado, Ana Maria Nabuco, Carmem Morales, Maria Helena Dias, Roberto Duval, Celso Faria, Marlene Rocha, Nina Marques, Nena Viana, Benedito Lacerda, Jota Neto, Biguá, José Soares, Luiz Orioni, Reinaldo Martini, Cavagnole Neto, Vic Marino, Robertinha, Bolinha, José Miranda, Joel Cardoso, Hamilton Saraiva, Elpídio dos Santos, Sebastião Barbosa, Joel Mellin, Genésio César, Rubens Assis, Clenira Michel, Nadir Leite, Cidoca, Dhalia Marcondez, Julieta Faya, Olinda Fernandez, Lola Garcia, Agnaldo Rayol e Francis Ramos.

O humilde Zacarias vai para a cidade grande com a sua mulher para arrumar emprego e ajudar seu filho a pagar os estudos. Seu maior sonho é ver o filho se formando e para isto, está disposto a fazer o possível e o impossível. Eis que surge um trabalho como chofer de praça.


O Puritano da Rua Augusta
  


1965. 102 min. Comédia. Preto e branco. Dirigido por Amácio Mazzaropi. Escrito por Alvim Barbosa e Mazzaropi. Produzido por Produções Amácio Mazzaropi (PAM Filmes). Elenco:Amácio Mazzaropi, Henricão, Edgard Franco, Elizabeth Hartmann, Marina Freire, Marly Marley, Júlia Kovach, Marlene Rocha, Carlos García Cambero, Zéluiz Pinho, Claudio Santamaria, Augusto César Ribeiro.
 
Pai de família extremamente conservador deixa os filhos loucos com sua mania de manter a moral e os bons costumes sempre em primeiro lugar. Após sofrer um ataque do coração, nada mais vai ser como antes: ele passa a se comportar como um jovem outra vez, muda o cabelo, as roupas e até o gosto pela música.

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